Artigo de Opinião, Mafalda Vasconcelos
Como pai, provavelmente, sente que:
Poderá ser importante o seu filho conhecer-se melhor para descobrir o que gostará de fazer no futuro;
O mundo escolar e/ou profissional já mudou tanto que não consegue ajudar o seu filho a escolher ou não o quer influenciar;
É crucial que o seu filho conheça as diferentes oportunidades e mercado de trabalho para fazer uma boa escolha;
O seu filho muitas vezes não partilha as suas preocupações, pelo que é difícil saber como ajudá-lo.
Neste artigo irá encontrar algumas respostas para as suas preocupações e inquietações em relação ao percurso vocacional do seu filho.
O desenvolvimento vocacional de cada um é um processo que se inicia desde cedo, logo na infância e a família desempenha um papel muito importante ao longo do mesmo. Este desenvolvimento é influenciado por diferentes fatores: a estrutura familiar, o sistema de valores, crenças e atitudes da família, os papéis assumidos e as relações entre cada um, etc. A construção do projeto vocacional está, desta forma, intimamente ligada à construção da identidade do jovem que terá como desafios conhecer-se, relacionar e integrar os seus valores, necessidades e expectativas sobre si mesmo e dos outros, principalmente dos pais.
A família pode representar, assim, o suporte e estabilidade para o adolescente, uma vez que, para melhorar a sua capacidade de realizar de forma bem sucedida estas tarefas do seu desenvolvimento vocacional necessita de apoio para mobilizar recursos internos e externos.
Este apoio pretende que o jovem se torne capaz de:
Explorar os seus interesses e as suas potenciais competências;
Identificar as suas aspirações profissionais;
Definir o planeamento necessário para as alcançar, desenvolvendo, assim, o sentido de autoeficácia nas escolhas realizadas.
Quando tal não acontece, seja porque a sua relação com a escola, os colegas, os professores, a família não correspondem ao desejado desenvolve-se, frequentemente, uma indecisão e imaturidade vocacional que adiam a responsabilização do próprio pela sua escolha e, consequentemente, pelo envolvimento e compromisso com o seu projeto de vida e carreira.
Os pais, que conhecem os seus filhos como ninguém, vão tendo, desde o início, o papel de os apoiarem construção da sua identidade, de forma segura e confiante, através do encorajamento da autonomia, da consolidação das suas relações e, tendo em vista, a diminuição das preocupações e ansiedades associadas aos desafios que vão surgindo, de forma mais intensa, nesta fase da vida.
Os jovens vão sentindo, progressivamente, a necessidade de marcar a sua posição, pensar e decidir por si próprios, o que é fundamental para se apropriarem da sua história de vida e aumentarem o nível de comprometimento com as suas escolhas. Por esta mesma razão, orientar o seu filho não implica fazer o trabalho ou escolher por ele, mas antes assegurar que este tem as condições ideias para o fazer.
Efetivamente, quando pensamos no futuro dos jovens nos dias de hoje, tendemos a perceber que a realidade do mundo profissional e do trabalho tem vindo a mudar de forma muito acelerada e intensa. Consequentemente, é, muitas vezes, difícil para os pais manterem-se informados e atualizados face às áreas, cursos e profissões existentes; às saídas profissionais; às carreiras que irão surgir ou desaparecer no futuro; aos meios de pesquisa de informação e, sobretudo, conseguirem estabelecer a correspondência que todos estes fatores podem ter com o perfil do jovem. Nestes casos, a realização de um processo de Orientação Vocacional, com o acompanhamento de um técnico especializado para que o jovem se conheça melhor a si mesmo e o mundo que o rodeia, desenvolver competências transversais e adquirir ferramentas para (re)construir o seu projeto vocacional e profissional, poderá fazer toda a diferença!
Cumulativamente, o apoio dos pais será sempre essencial e poderá ser feito mostrando confiança no seu filho, estando presente, reforçando positivamente as suas iniciativas e competências, apoiando as suas opções e incentivando a pesquisa permanente (internet, revistas da área, etc.) e a experimentação e exploração direta em contextos diversos (visitas a feiras, universidades, contextos reais de trabalho, atividades de verão, etc.). Isto ajudará, certamente, o seu filho a fazer as suas escolhas de forma coerente, refletida e ponderada.
É desta forma que podemos dizer que a Orientação Vocacional se assume como um processo que começa desde muito cedo e que se estende ao longo de toda vida, que pode contar com o apoio de vários mediadores, mas serão sempre os jovens os principais responsáveis pelas escolhas e decisões que vão tendo que tomar e que determinam quem são e o que desejam vir a ser e fazer.