Não é novidade que as empresas, cada vez mais, sentem dificuldade em encontrar e reter talentos em determinadas áreas, como é o caso das IT´s. É curioso falarmos tanto nos últimos anos que hoje em dia os jovens têm uma vida mais difícil, porque atualmente não há uma carreira para a vida, hoje não têm segurança, estabilidade, conforto.
Diz-se que hoje não há carreiras para a vida, é engraçado como a força da expressão popular diz “carreira para a vida”, não me interessa entrar num jogo de palavras e dissertar sobre a força da semântica, mas sim lembrar que as empresas são feitas de pessoas, pessoas que lideram e que são lideradas com a responsabilidade de responderem a necessidades e/ou problemas sentidos pelo mercado, e o mercado, mais uma vez, é constituído por pessoas, que ao longo das últimas décadas aumentaram consideravelmente a diversidade dos seus interesses e necessidades provocando, no mercado, uma demanda proporcional.
Vivemos num tempo em que a informação disponível é inversamente proporcional ao conhecimento gerado, é demasiado tempo a sermos bombardeados por informação e/ou desinformação e pouco a refletir sobre o que ouvimos e devíamos escutar, há demasiado ruído para escutarmos as necessidades das pessoas com quem trabalhamos, temos empresas a querer reter talento com prémios, numa tentativa ingénua e pavloviana, ficam indignadas porque a pessoa não gosta da cor do tablet que lhe foi oferecido e dizem que é impossível motivar as novas gerações que nunca estão satisfeitas.
Como é sabido, motivação e satisfação são conceitos diferentes, não vou explorar a destrinça entre os dois, mas vou lembrar que as empresas começaram a pensar que os colaboradores não ficavam motivados com objetos, então, vamos oferecer experiências, vamos mudar a cor do nosso espaço, vamos disponibilizar saúde, momentos lúdicos, vamos fazer teambuilding, vamos fazer o que for necessário para reter talento. RETER talento, o talento NÃO se retém! O talento desenvolve-se! Desenvolve-se continuamente a nível técnico, porque constantemente há necessidade de evoluir para dar resposta às diferentes necessidades que vão surgindo e assenta, acomoda-se, sustenta-se num contínuo desenvolvimento pessoal.
O talento não é uma coisa que se possa ou deva reter, o talento faz parte da pessoa que deve querer permanecer na sua empresa e, para tal, deve sentir que é feliz e ser feliz não é aumentar os níveis de satisfação da mesma com uma ideologia hedonista que serve de substrato a modelos de meritocracia. Não, não vou dissertar sobre o que é ser feliz e sobre felicidade nas empresas. Importa-me apenas lembrar o essencial que as pessoas tendem a esquecer, no fim trata-se sempre de produzir e as empresas, de um modo generalizado, vão preocupar-se com a felicidade sempre que seja evidente que isso aumenta a produtividade.
Acredito que a melhor forma de promover a produtividade é com gestores que genuinamente se preocupem com as pessoas com quem trabalham, que as ouçam e que as ajudem a atingir os seus objetivos de vida, mesmo que isso signifique que a determinada altura a pessoa possa ir trabalhar para outra empresa. Neste cenário será uma pessoa feliz noutro local a promover uma imagem positiva da anterior empresa e, possivelmente, alguém que um dia poderá querer voltar à sua empresa e, muito provavelmente, com mais conhecimentos do que quando saiu.
Não gosto nada da corrente que advoga que a empresa é como uma família, na realidade, no norte do país muito do tecido empresarial não é como, é mesmo de cariz familiar e, normalmente, isso não é uma vantagem para as empresas, porque levam para o ambiente laboral os vícios pertencentes ao seio familiar e padecem de uma endémica parcialidade nas tomadas de decisão, umas vezes destruindo relacionamentos pessoais e, outras, condicionando o desenvolvimento de negócio.
Defendo, por isso, que se pretendem que o talento permaneça na vossa empresa não o tratem como família! Se criarem expectativas típicas do meio familiar, no clima organizacional o mais provável é que ao fim de algum tempo haja pessoas magoadas, desiludidas e desmotivadas. Simplesmente promovam um ambiente de relações profissionais saudáveis e isso passa por assumirem o que foi, o que é e o que a empresa pretende ser e, estando isso claro, as pessoas que decidirem ficar são as que vos interessam, todas as outras são, no máximo, pessoas retidas por imposições legais e/ou convictas de que não existe um lugar melhor, mas só por isso é que não saem, porque assim que surja uma oportunidade que lhes garanta um nível de remuneração idêntica quererão sair e o problema não é esse, a manutenção de pessoas desvinculadas emocionalmente da sua organização é que pode ser muito prejudicial, por cada um dos elementos desvinculado e pelo efeito contágio que poderão ter no quotidiano laboral.
Nem todas as contratações vão resultar e quando não funcionam, o melhor é a relação terminar, caso contrário o mais provável é gerar relacionamentos interpessoais e institucionais enfermos, com consequências nocivas para o indivíduo e para a instituição. Nenhuma organização deve depender de uma pessoa e nenhuma pessoa deve sentir que depende de uma organização.
Felizmente, hoje, existem soluções para todas as problemáticas que supracitei. Tem uma taxa elevada de más contratações? Contrate uma empresa especializada em Recrutamento e Seleção. Não sabe como gerir as más contratações e convém lembrar que uma má contratação não diz necessariamente algo do profissionalismo da entidade contratante ou do contratado, muitas vezes, apenas, são perfis que não se coadunam. Contrate um serviço de outplacement.
Tem trabalhadores fantásticos mas não consegue que funcionem como equipa? Contrate um serviço de Consultoria Organizacional.
A equipa funciona bem mas sente que é necessário desenvolver algumas competências chave? Contrate um serviço de Formação.
Gastará menos dinheiro na contratação de especialistas do que aquele que perderá por cada contratação errada ou pela ineficiência de uma equipa de trabalho. É normal que a fatura do serviço do especialista pareça maior do que a sua falta de produtividade quando não sabe quantas horas de improdutividade se vivem diariamente na sua empresa!
Contratar todos estes serviços custa mais do que pode gastar? Contrate um serviço de Outsourcing, que disponibiliza um conjunto de especialistas por um preço anual inferior ao que teria de gastar com a contratação de apenas um desses especialistas! Foque-se no seu core business, naquilo que sabe fazer e permita que a especialidade de outros contribua para o desenvolvimento do seu negócio.
Se está na dúvida entre contratar o branding de uma multinacional ou o de um lobo solitário, contrate a alcateia ALENTO.
Artigo de opinião, Artur Moura Queirós