Diariamente cruzamo-nos com notícias que relatam a empregabilidade em Portugal, basta abrirmos o Linkedin para termos uma série de relatos de pessoas que atravessam diferentes etapas do seu percurso: se por um lado temos as empresas que procuram profissionais para vagas em aberto, por outro temos a perspetiva dos candidatos, que, muitas vezes, vão deixando desabafos sobre o processo de recolocação no mercado de trabalho. Esta é uma realidade que todos percebemos, mas, para si, enquanto leitor, já pensou na importância e no impacto que a seleção e integração de um novo profissional tem, não só na vida do mesmo, como na da empresa?
Tendo em conta que os Recursos Humanos são a peça fundamental de qualquer organização é fácil perceber que a maior vantagem competitiva de uma empresa se encontra nas suas pessoas, que diariamente desempenham a profissão para a qual foram contratadas. Chiavenato chegou mesmo a referir que lidar com as pessoas deixou de ser um desafio e passou a ser uma vantagem competitiva, já que uma boa contratação se irá refletir no sucesso, através da entrada de colaboradores de elevado potencial e qualidade.
No momento de aumentar a equipa vários fatores podem interferir com o processo de seleção e, posteriormente refletir-se na contratação. De seguida deixo os 5 erros frequentemente cometidos pelas empresas portuguesas no momento da contratação:
Não basta a ideia de querer contratar um novo colaborador com determinada competência, é necessário garantir que o perfil contratado tem lugar na estrutura organizacional. Deve listar as áreas da empresa que necessitam de desenvolvimento e usar essa informação para criar uma descrição detalhada do perfil a contratar.
Não contrate porque é amigo de amigo, primo ou familiar afastado. Mesmo que a pessoa tenha o perfil adequado para a vaga não permita que o critério pessoal tenha mais peso na sua decisão, o foco é a empresa e o que esta precisa realmente. Com isto não quero dizer que não deve contratar alguém do seu círculo, não deve é eliminar pessoas fora desse âmbito.
A urgência nos processos é, muitas vezes, prejudicial ao sucesso dos mesmos. Quando o tempo escasseia tende a ser feita uma fraca análise dos candidatos, que se pode refletir numa má contratação. Já pensou quanto custa para a sua empresa resolver os problemas inerentes a uma má contratação?
A componente técnica é importante no momento de seleção e consequente contratação, mas não se esqueça de avaliar as motivações e comportamentos transversais do candidato. Imagine que quer contratar alguém para território africano por um período a longo prazo, mas não aborda com o candidato as motivações inerentes à sua possível ida. Pode ser alguém que tenha, por exemplo, o objetivo de ir movido apenas por questões financeiras e que, quando vir que alcançou uma situação estável irá querer voltar e deixar o projeto a meio. Um dos maiores problemas que a seleção feita por pessoas não especializadas para o efeito acarreta é a desvalorização da vertente comportamental do candidato por comparação com a empresa, isto é, dá-se grande enfoque à parte técnica, em detrimento da análise comportamental. Basta pensarmos nas vezes que já ouvimos “Vejo como anda e já sei se é bom trabalhador”.
A primeira forma de comunicação entre a empresa e o candidato faz-se através da descrição da vaga, se a informação do anúncio é incompleta o potencial interessado pode desistir de efetuar a candidatura. Já todos nos cruzamos com anúncios que referem apenas “Precisa-se Engenheiro Civil”, sem qualquer tipo de descrição acerca das funções/responsabilidades, assim como das condições oferecidas. Anúncios deste tipo não geram grandes níveis de confiança num potencial interessado.
Aqui reunimos erros muito comuns, mas convém sublinhar que cada processo de recrutamento e seleção é diferente, pelo que outros erros poderiam ser enumerados. Estes são os problemas que mais se sentem num mercado de trabalho onde a contratação e integração de pessoas tende a ser descurada e curativa, o que, a médio prazo, traz efeitos negativos para a empresa, não só porque o trabalhador não passou por um processo de acolhimento e integração, mas também porque a perspetiva comportamental influencia o bom desempenho do colaborador, imagine alguém que gosta de trabalhar com maior liberdade e em ambientes informais, não será, à partida alguém que se integrará positivamente numa empresa onde as hierarquias são verticais.
Voltando ao início do nosso artigo, se o mercado precisa de pessoas eficazes e dinâmicas para alcançar o sucesso, o recrutamento e seleção das mesmas não deve ser desvalorizado, já que o coração de uma empresa são os seus recursos humanos, são eles que levam a organização ao sucesso. Neste seguimento uma boa seleção diminuirá os riscos de uma má contratação e consequente desvinculação. Lembre-se que antes de contratar um novo colaborador deve conhecê-lo, não só pelas suas qualidades técnicas, mas também pelas suas competências (emocionais e sociais) e motivações, tendo presente que uma escolha mal feita pode afetar toda a envolvente.
Artigo de opinião, Andreia Ribeiro Contenças