O(A) Psicólogo(a) como profissional detentor de conhecimento especializado
A intervenção psicológica na orientação de carreira tem-se realizado em diversas modalidades, sendo a Gestão de Carreira uma delas. O papel do(a) psicólogo(a) é central nesta atividade, transportando para a relação com o cliente, modelos de intervenção que validam um processo que se quer progressivo e assente em bases sólidas.
A Gestão de Carreira deve perspetivar-se como um processo de ajuda que ocorre ao longo da vida, em diferentes contextos, centrando-se no desenvolvimento dos processos ou competências (Taveira, Paixão e Gamboa, 2016). Diria mesmo dos processos e das competências! É essencial que, tal como os autores supracitados defendem, o(a) psicólogo(a) tenha em mente os diferentes modelos de orientação de carreira nas diferentes fases de um acompanhamento. Precisamos ser diferencialistas, explorando interesses e aptidões individuais do cliente, desenvolvimentalistas, estando cientes dos processos de mudança que ocorrem ao longo da vida (tais como a entrada no mercado de trabalho), mas também relacionais, quando o foco é nas relações significativas do cliente, sejam elas pessoais ou profissionais.
A preocupação e o autoconhecimento na base do processo
Nem todos os profissionais seguirão esta linha de pensamento, bem como esta prática. No entanto, na Gestão de Carreira com um(a) psicólogo(a), a base do planeamento das sessões será a preocupação. A preocupação com o planeamento em relação ao futuro evitam a indiferença e o pessimismo na construção de carreira (Taveira et al., 2016). Entenda-se que falamos não só da preocupação do cliente, mas também do profissional, no planeamento das sessões. Para tal, as atividades pensadas numa fase inicial privilegiam a dimensão do autoconhecimento, realizando-se uma avaliação global do cliente: mental, espiritual, emocional, física e cultural. Esta avaliação permite que o cliente se conheça para além das competências técnicas e ajuda a tornar clara a definição do seu objetivo profissional. Ao longo do processo, a promoção da confiança no cliente é também um ponto-chave. Nesse sentido, o recurso à simulação de papéis, como é o caso da simulação da entrevista, ajuda o cliente a aumentar as crenças de auto-eficácia e o autoconceito positivo.
Novos processos, novas competências, novos caminhos
Se numa primeira sessão, a atuação do(a) psicólogo(a) é centrada no diagnóstico, nas potencialidades e na situação atual do cliente, numa última sessão, o mesmo já estará munido de ferramentas de negociação e transição de carreira que lhe permitam enfrentar um novo desafio. O segredo poderá residir na ênfase dada à competência adaptabilidade, trabalhada ao longo das 8 sessões com o consultor. Esta competência resulta na capacidade de manter um sentido de identidade e autodirigir-se em situações de mudança (Taveira et al., 2016). O cliente finaliza o processo mais aberto à mudança, mais disposto a pensar diferente sobre si e mais capaz de atuar sobre as circunstâncias. Esta mudança, conseguida na relação psicólogo-cliente, mune o cliente da atitude curiosa, da autonomia, da cooperação e da preocupação com o futuro, essenciais para conseguir superar desafios face a dilemas de carreira.
Conclui-se que, na Gestão de Carreira, o Como deve centrar-se no processo, sendo este planeado e gradual e partindo da dimensão do Autoconhecimento. O Quem, está associado ao trabalho de um profissional com um nível de conhecimento altamente especializado – o(a) psicólogo(a) - conhecedor dos modelos de orientação e das necessidades específicas do cliente, implementando as ferramentas que, de um modo adequado, podem promover novos resultados e, consequentemente, uma nova carreira. O(A) Psicólogo(a) deve ter sempre presente o Princípio da Competência, adquirida através de uma formação teórica e prática especializada, obtida no ensino superior e constantemente atualizada (Ordem dos Psicólogos Portugueses, 2016).
Artigo de opinião, Mariana Ferreira