De acordo com um inquérito levado a cabo pelo blog Event MB (Junho, 2020), a denominada “nova realidade” vai assumir um formato híbrido para os diversos tipos de eventos. Mais de 1.000 profissionais da indústria dos eventos querem que o futuro englobe simultaneamente ambas as realidades - virtual e presencial. Vamos olhar para os factos para melhor compreender esta inclinação, que se tem revelado uma alternativa viável à realização de feiras de emprego tradicionais.
Uma feira de emprego virtual não é nada mais que um evento híbrido ou virtual, mas orientado para o setor de recrutamento e seleção. Continua a tratar-se de fornecer acesso virtual a um público global, mas orientado e personalizado segundo as necessidades das empresas recrutadoras e dos interesses dos candidatos.
As Feiras de Emprego e os Open Days virtuais estão em alta e vieram para ficar e acelerar o processo de recrutamento. Estamos perante uma nova forma de atração de talento e, prova disso, são as soluções digitais para feiras de emprego cada vez mais emergentes, tais como os softwares e plataformas que possibilitam a implementação de todo o processo de recrutamento virtual de forma rápida e eficaz. Entre os principais benefícios de uma feira de emprego virtual está o aumento das interações com potenciais candidatos, que ao mesmo tempo assegura a troca de experiências de forma segura, envolvente e segmentada.
No entanto, a disrupção digital e o virtual ainda não substitui o físico. Apesar de já beneficiarmos da tecnologia necessária para realizar feiras de emprego virtuais, o mundo não caminha para a virtualidade, mas para uma condição híbrida, onde atingiremos o equilíbrio entre o físico e o virtual.
Uma feira de emprego híbrida ocorre tanto num ambiente físico como digital, combinando simultaneamente as características de uma feira de emprego virtual e presencial. Por exemplo, o organizador pode reunir candidatos e empresas de recrutamento num espaço físico, potenciando a troca de experiências através da interação humana entre os intervenientes. Por outro lado, as mesmas empresas dispõem de um expositor virtual para que os candidatos que estão a participar remotamente consigam ver as ofertas de emprego e candidatar-se online.
É importante relembrar que os eventos ao vivo continuam a ser uma das formas mais poderosas de conexão humana e, consequentemente, de gerar e converter prospects através da tecnologia de captura de leads em eventos (que, no caso das feiras de emprego, se estende à qualidade da contratação e aos indesejados “erros de casting”, que continuam a ser uma das principais frustrações que as empresas recrutadoras pretendem eliminar).
Outro dado relevante é que cerca de 84% dos participantes de um evento ao vivo afirmaram reter uma opinião mais positiva sobre uma marca ou produto após participarem nesse tipo de evento. Segundo um estudo do Lead Generation Institute, entre 2017 e 2018, 87% dos CEOs e outros cargos do alto escalão executivo estariam a planear investir mais em eventos ao vivo no futuro. Hoje em dia, após 9 meses de eventos virtuais e webinars no Zoom, o percentual provavelmente será ainda maior.
Na verdade, qualquer uma das novas tendências de transformação digital em eventos pode funcionar a favor ou contra as feiras de emprego, dependendo do foco da organização e da flexibilidade para se transformar e adaptar.
Por norma, as organizações tendem a não simpatizar com novas regras, porque são obrigadas a adaptar operações e atividades a novos padrões. No entanto, a mudança tende a trazer novas oportunidades de parceria para fornecedores locais. Por exemplo, é praticamente impossível para grandes agências seguir à risca todos os regulamentos para a realização de eventos que - ainda por cima - chegam frequentemente em diferentes idiomas, em diferentes contextos e, às vezes, de forma contraditória.
Universidades ou outras entidades organizadoras que já tinham um mindset digital antes da COVID-19 estão a ir “de vento em popa”, uma vez que já tinham acesso a esta nova forma de recrutamento virtual, que se afigura vantajosa tanto para recrutadores como para candidatos à procura de emprego. Por outro lado, outras estão a lutar para se conseguirem adaptar ao digital, porque estavam imersas em demasia nas suas zonas de conforto e agora foram forçadas a mudar.
Algumas das vantagens da realização de uma feira de emprego virtual acabam por estar intrinsecamente ligadas à poupança de tempo e dinheiro. Por exemplo, não existindo necessidade de estar fisicamente presente no local da feira, não existem custos de deslocação. E, não existindo limites geográficos, qualquer pessoa de qualquer parte do mundo pode candidatar-se, sem que isso represente um custo acrescido para a universidade / organização.
É importante perceber que se estamos a levar as feiras de emprego para um cenário digital, também estamos a levar connosco informações de particular interesse para os hackers. E quanto mais dados forem migrados para uma plataforma online, mais riscos corremos na dark web. Portanto, é crucial encontrar o parceiro tecnológico certo, não apenas para garantir que o software que estamos a utilizar é seguro, mas também para nos ajudar com as redes, endpoints, etc.
A cibersegurança não é um luxo, é um must-have e deve ser parte integrante de qualquer Plano de Segurança e Saúde.
Partindo do pressuposto que as feiras de emprego do futuro vão ser omnicanal, é possível que um candidato presencial também seja um candidato virtual ao mesmo tempo. Como? Por exemplo, através da interação online com outros candidatos ou empresas recrutadoras via app, ou por simplesmente assistir a uma sessão de esclarecimento em live streaming, enquanto desfruta do coffee break na edição presencial da feira.
O espectro de experiências pode ser muito vasto, mesmo que o candidato esteja a participar presencialmente numa feira de emprego. Existe indubitavelmente um mundo de possibilidades entre o físico e o virtual. Só precisamos de saber como realizar eventos híbridos com a tecnologia certa para os suportar.
As catástrofes naturais vão continuar a acontecer com mais frequência e em maior escala, alavancando cada vez mais a realização de eventos híbridos e virtuais para mitigar potenciais riscos. Para um evento presencial à escala internacional, a pegada de carbono tende a ser, no mínimo, 1.000 quilos por pessoa, enquanto os formatos online podem chegar a menos de 10 quilos por pessoa. É por isso que os eventos híbridos vão desempenhar um papel crucial para as grandes feiras de emprego e carreira, onde os voos internacionais são inevitáveis e existe a necessidade de reduzir o número de participantes quase pela metade. Em contrapartida, os dados vão ganhar mais importância, já que a qualidade da contratação passa a ser o ativo mais importante (comparativamente à quantidade, que vai ter um aumento exponencial). Será ainda mais relevante monitorizar a atividade dos candidatos e analisar os dados gerados a partir das interações com os stands virtuais das empresas recrutadoras.
O mundo inteiro espera que as redes 5G (e por aí em diante) sejam capazes de criar um ecossistema massivo que atenda às necessidades de comunicação de bilhões de dispositivos conectados. E, essencialmente, que mude a forma como as pessoas vivem e interagem, melhorando a conectividade em relação à estabilidade e velocidade. Considerando que os smartphones se estão a tornar numa extensão de nós mesmos, não seria estranho pensar nos smartphones dos estudantes como uma extensão do hardware de uma feira de emprego. O objetivo passa por interagir com os candidatos de uma forma mais relevante, que não só vai ajudar a recolher e analisar dados, como a entregar uma melhor experiência e a ampliar o uso da Realidade Virtual (RV), da Realidade Aumentada (RA) e da Inteligência Artificial (IA) em eventos e feiras de emprego.
A previsão é que as feiras de emprego do futuro vão tornar-se cada vez mais ágeis e esta é oportunidade para fazer a diferença. Seja o elemento de disrupção e não o elemento que se tentou adaptar.
Ana Tavares
Marketing & Communications Manager na Beamian