O Desenvolvimento Vocacional pode definir-se como a “trajetória que cada sujeito constrói nos quotidianos das suas vidas pelos múltiplos papéis em que cada história se concretiza, e poderá ser considerado como a dimensão de síntese, de integração de todas as dimensões da existência”. Assim, é através da relação que o sujeito estabelece com a realidade e pela procura, questionamento e experienciação que o sujeito transforma e reconstrói os seus investimentos vocacionais (Gonçalves, 2000). Desta forma, muitas experiências e atividades podem ser de extrema relevância, ao nível da sua orientação vocacional, no significado que permitem que o jovem construa em torno do mundo que o rodeia e, consequentemente, do seu desenvolvimento vocacional.
Assim, iremos abordar algumas das que poderão ser as mais óbvias e interessantes a explorar.
Visitas a feiras profissionais
Anualmente realizam-se várias feiras de educação e formação onde os jovens podem ir tendo contacto com a realidade das formações e profissões. É importante ir estando atento a datas e planear as visitas de modo a tirar algum partido do que estas podem ter para oferecer. A Mostra da Universidade do Porto decorre normalmente no final de Março ou início de Abril, reunindo bancas que mostram “o que de melhor se faz nas diferentes unidades de ensino e investigação científica da Universidade do Porto”. A Qualifica, também em Março, para além das mostras de cursos e instituições de ensino superior, volta-se também para a vertente profissional e de empregabilidade, a nível nacional e internacional e, também, ao nível das forças de segurança.
Por último, existem também os dias abertos de cada faculdade, em que a comunidade académica dá a conhecer os seus cursos de forma mais objetiva a jovens ou escolas que tenham esse interesse e nela participem. Podem, também, ser visitadas as faculdades e gabinetes de alunos das mesmas para conhecer melhor os contextos, colocar questões sobre os processos de candidatura, taxas de empregabilidade e relação das instituições com o contexto profissional.
É importante estar atento e ir consultando os sites das faculdades de interesse, pois as datas são diferentes e, muitas vezes, requerem inscrição.
Entrevistas a profissionais
Ouvir na primeira pessoa alguém falar sobre as suas experiências, dificuldades, dúvidas, sonhos e ambições pode ser um dos aspetos mais diferenciadores e úteis na fase de exploração de diferentes interesses vocacionais.
Mais do que ler muita informação sobre um curso ou área, saber qual o dia-a-dia de um profissional, com quem trabalha e em que contextos, quais os seus instrumentos de trabalho e desafios diários ajuda a colocar em perspetiva e projetar no futuro a forma como nos revemos ou não nesses papéis. Por isso, é fundamental procurar junto da rede de contactos dos pais, amigos e familiares, pessoas com a formação e experiência profissional nas áreas de interesse, desenvolver um guião de entrevista, deixar de lado a vergonha e ir procurar saber mais. Se puder visitar os contextos de trabalho desses profissionais para essas entrevistas, tanto melhor.
Participar em Cursos de Verão
Há vários anos a Universidade do Porto vem sedimentando o seu trabalho de aproximação ao ambiente universitário por parte de jovens do ensino básico (2º e 3º ciclos) ao secundário, através da Universidade Júnior, apresentando-se como o maior programa a nível nacional neste domínio. Neste programa os jovens podem conhecer de perto as diferentes faculdades, realizar experiências muito diversas e em diferentes áreas e estabelecer contactos que podem vir a ser muito úteis para o seu futuro. São 14 as faculdades da Universidade do Porto, a escola de negócios da Porto Business School e várias unidades de investigação.
Pesquisa de informação em sites
Uma outra ajuda preciosa que pode ir sendo desenvolvida ao longo do tempo é a pesquisa sobre os cursos, formações e profissões em diferentes sites. A internet pode ser uma ferramenta de apoio ótima à exploração, mas por ter informação tão dispersa pode revelar-se pouco eficaz e até frustrante a pesquisa. Saber quais os canais que melhor sintetizam as informações necessárias será uma excelente ajuda.
Deixamos aqui algumas sugestões:
- o site da Direção Geral do Ensino Superior (DGES), condensa toda a informação relativa aos cursos de ensino superior a nível nacional, nomeadamente as condições de acesso: instituições, médias, provas de ingresso, pré-requisitos, etc.;
- o site Design the Future reúne testemunhos de profissionais reconhecidos em diferentes áreas que falam sobre o seu dia a dia, os projetos que têm em mãos, o caminho que fizeram para lá chegar e os desafios das suas profissões. Para além disso, apresenta informação sobre os possíveis cursos associados a diferentes percursos profissionais;
- o site Yorn Inspire Future, como projeto e plataforma que procura ajudar os jovens a encontrar informações sobre o acesso ao ensino superior, realizando também feiras de informação e um trabalho concertado com a comunidade educativa.
Resumindo, há muitas formas de ao longo do percurso pessoal e académico ir fomentando a consciência sobre as realidades e contextos profissionais e ir proporcionando momentos de conhecimento das oportunidades de formação e profissão disponíveis que ajudarão a fazer escolhas mais facilmente no futuro. Para além das referidas anteriormente, podem ser simplesmente atividades de interação social, de visita e estágios em contextos de trabalho de pais e familiares, que promovam o desenvolvimento de conhecimentos e o treino de competências de empregabilidade. Nenhuma deve ser desvalorizada ou subestimada, pois podem fazer toda a diferença na orientação para o seu projeto pessoal, social e político nos diferentes momentos em que os jovens forem chamados a tomar decisões sobre o seu itinerário vocacional.
Artigo de opinião, Mafalda Vasconcelos
