O mercado de trabalho e as suas especificidades estão muitas vezes na ordem do dia, seja porque há um número significativo de pessoas à procura de emprego e não encontram oportunidades, seja porque há empresas que afirmam não ter mão-de-obra especializada para as suas necessidades.
Esta é uma realidade sentida atualmente, com principal enfoque na área tecnológica, mas este não é um setor exclusivo na procura de mão-de-obra especializada. O setor da construção civil, que tem vindo a recuperar da crise sentida e que originou despedimentos e falências, também surge na ordem do dia como um mercado em crescimento e com sérias necessidades de contratação de mão-de-obra especializada.
Neste artigo o nosso foco será a contratação de engenheiros para o setor da construção civil, desde o engenheiro civil, ao mecânico ou eletrotécnico. O intuito é mostrar-lhe que esta dificuldade não é sentida apenas por si, na sua empresa.
Em Portugal continuamos a ter indicadores de que as áreas relacionadas com as engenharias têm maior empregabilidade, enquadram-se nos ditos “empregos do futuro”, o que se reflete nos jovens candidatos aos cursos, assim como nas médias de acesso dos mesmos. E para as empresas como é que o processo de contratação destes profissionais acompanha o mercado? Têm um leque mais alargado de escolha ou, pelo contrário, é-lhes mais difícil chegar aos perfis de topo?
Fatores como a experiência profissional, competência técnica, competências sociais e comportamentais, salários e projetos são cruciais para a atração de profissionais de topo, em primeiro lugar porque são perfis com sentido estratégico e com conhecimento do seu valor de mercado e, em segundo lugar, porque são profissionais que tendem a abraçar novos desafios pela dimensão/potencial dos mesmos.
Estes sinais que o mercado da construção civil tem dado, através da trajetória de crescimento, com o aumento do número de contratações tem-se refletido na criação de mais postos de trabalho. Mas, será que o mercado sente mesmo a falta de engenheiros civis, mecânicos e eletrotécnicos ou não está disposto a pagar por o tal profissional especializado, como tanto necessita?
O Senhor Augusto (nome fictício), proprietário de uma empresa de construção civil, anuncia que precisa de um engenheiro civil com domínio de AutoCad e MsProject e com experiência em direção de obras públicas. Abre a vaga, recebe candidaturas, faz entrevistas e no fim de duas semanas diz, em tom de desabafo que “faltam engenheiros civis”. Será que faltam? Ou será que o Senhor Augusto quer um especialista ao preço de um recém-licenciado? Pois é, esta é muitas vezes a realidade do mercado, o desfasamento de valores entre expectativas de candidatos e de empresas.
Se recuarmos um pouco até 2009/2010, altura em que começou a ser sentido o impacto da crise no setor da construção civil, conseguimos com relativa facilidade encontrar dados quanto aos profissionais especializados que abraçaram novos projetos fora do país, projetos estes que se mostravam mais rentáveis financeiramente e mais desafiantes do ponto de vista de crescimento profissional. Ora, se o aumento das contratações é uma realidade torna-se lógico que as empresas que sintam a necessidade de aumentar as equipas procurem os profissionais com o perfil técnico condizente com a necessidade e, com estes profissionais não podem praticar os valores que praticam com um perfil júnior.
Estudos salariais comprovam que os salários dos engenheiros do setor da construção civil são mais baixos comparativamente ao setor da indústria, setor para o qual se direcionaram alguns perfis mais jovens que quando terminaram o curso não viram grandes desafios na construção.
Regra geral as ambições dos profissionais estão mais voltadas para obras públicas, de maior dimensão e também com maiores valores envolvidos, motivo pelo qual continuam a sair do país e a abraçar projetos em mercado africano, por exemplo. Isto leva-nos a outro grande desafio das empresas de construção civil: atrair engenheiros para projetos de reabilitação e habitação.
Mas não é apenas uma questão de valores que dificulta o processo de recrutar, selecionar e contratar, entram fatores como o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, o desafio que o projeto acarreta, o plano de carreira, os horários de trabalho flexíveis e, claro, o tão importante fit entre cultura da empresa e motivações/características do novo colaborador.
No caso do Senhor Augusto, além do fator salário podemos estar perante problemas como o raio da influência, a tipologia de projeto, a forma como comunica com o mercado, ou a avaliação que faz das competências sociais e comportamentais dos candidatos que lhe chegam. Deve saber olhar para as evidências que o mercado dá e encontrar parceiros que o auxiliem na procura do perfil profissional certo para a sua equipa e para o alcance dos objetivos definidos.
Portanto, se tal como o Senhor Augusto sente necessidade em encontrar perfis experientes repense o seu método e as condições que pretende proporcionar aos novos profissionais. Acima de tudo tenha presente que os futuros membros das suas equipas não são só os profissionais que estão em procura ativa de emprego. Deve focar-se também em profissionais que estejam a exercer.
Para o Senhor Augusto um parceiro, nomeadamente empresas de recrutamento e seleção, que tivesse maior conhecimento do mercado, do ponto de vista de valores praticados e de alcance, isto é, que conseguisse chegar a um maior número de profissionais, estejam eles no ativo ou desempregados, seria o ideal, uma vez que poderiam, em conjunto, encontrar o membro da equipa, enquanto a mesma continua a produzir.
Se o seu desafio é contratar perfis especializados, saiba que a atração dos melhores profissionais está dependente da ampliação a novos canais de recrutamento, da atenção às expectativas salariais, culturais e de desenvolvimento de carreira dos mesmos,
Lembre-se que não irá querer contratar uma pessoa que na primeira oportunidade abraça outro projeto.
Especialista em Recrutamento e Seleção
O meu dia-a-dia é pautado por um desafio constante: colocar a pessoa certa no local certo. Considero tão importante a satisfação do cliente como a do candidato.