O que gosta mais de fazer (nos tempos livres)?
Oiço muita música, gosto de ler. Também me interesso por aprender outras línguas, existem várias plataformas online onde podemos ter cursos gratuitos, gosto de aprender a partir daí. Gosto muito de sair com os meus amigos, tanto os da faculdade como os da minha cidade. Gosto de simplesmente estar em casa a ver televisão e no computador a ver séries. Estar com a minha família, visitar os meus avós.
De que é que tem medo?
Em termos práticos tenho medo de não conseguir alcançar aquilo que eu quero, medo do insucesso, de pequenas coisas do dia-a-dia que não consigo fazer da forma como pretendia. Tenho medo de situações em que fico aquém das minhas expectativas.
Tenho sempre pequenos objetivos diários e quando não consigo realiza-los sinto que falhei, não gosto dessa sensação, tenho medo disso.
Depois tenho pavor a aranhas, bichas-cadelas, centopeias, cobras. Também tenho um pouco de medo do escuro, um trauma de criança.
O que a emociona?
Devo confessar que sou uma pessoa que não tem muitas emoções. Não sou muito emotiva.
Emociono-me com filmes de guerra, por serem reais e catastróficos. Tudo o que aconteceu devido a causas humanas, como o Holocausto, guerras religiosas. Emociona-me porque começo a pensar se fosse comigo ou com alguém da minha família.
O que a deixa feliz?
Coisas bastante simples. Estar à conversa com os meus amigos, conversas sem sentido, fazem-me rir e deixam-me feliz. Falar com os meus avós sobre a juventude deles.
Fico feliz quando estou em casa, em família, por exemplo ao sábado à noite quando estou com a minha irmã. Por norma são só os meus pais e eu, mas quando vem a minha irmã e o meu cunhado fico feliz, junta-se aquele núcleo e é muito bom.
Como se caracteriza enquanto jovem?
Eu tenho várias facetas, dependendo com quem estou. Com as minhas pessoas sou uma pessoa muito divertida, despreocupada, atenciosa. Depois com pessoas com quem não tenho muita conexão já sou muito séria, não falo muito, sou mais reservada, embora seja sempre, mas com relações meramente profissionais sou muito fechada. É como se tivesse dois opostos dentro da mesma pessoa.
Como teve conhecimento do projeto SAGAZ? O que a levou a participar?
Na escola secundária de Lousada, soube da existência de uma espécie de concurso em que os alunos tinham possibilidade de ter um Mestre para acompanhar as suas escolhas, ajudar a definir o caminho enquanto estudantes e mesmo depois quando formos trabalhar.
Eu sendo uma aluna de 12º ano achei uma oportunidade ótima até porque não tinha bem a certeza do que queria ser, tinha uma panóplia de possibilidades e precisava de alguém que me ajudasse a perceber quais as melhores escolhas a fazer.
No dia do evento, sabendo que ia estar perante profissionais e tinha de fazer uma apresentação, como se sentia?
Extremamente nervosa. Porque estava a falar com pessoas que não conhecia e eu tenho pavor de falar em público. Queria muito ter um Mestre para me acompanhar, tinha essa pressão dentro de mim, o que me deixava ainda mais nervosa. Foi um dia muito bom porque tive um Mestre, mas também foi bastante stressante.
Que expectativas tinha?
Eu queria ter um Mestre, não queria outra coisa, nem ponderava não ter. Estava mesmo convicta que ia conseguir ser escolhida.
Qual foi a sensação de ser escolhida para Aprendiz?
Foi ótima, apesar de estar convicta que ia conseguir, quando fui escolhida fiquei extremamente feliz. Foi ótimo, o Dr Pedro foi muito simpático e quando me escolheu foi excelente.
Inicialmente a Carla foi escolhida por um Mestre, mas nas monitorizações percebemos que havia um afastamento. Como reagiu a essa situação?
De início nós falávamos mensalmente, chegamos a encontrar-nos no Porto e o Dr era muito simpático, dava-me bons conselhos, era exatamente o que eu queria num Mestre.
Depois o tempo foi passando sem haver contactos e a partir daí pensei que a relação não estava a funcionar. Ia recebendo emails da Alento por altura das monitorizações e eu fui esperando para ver se retomava contacto com o meu Mestre, até que chegou uma altura em que percebi que isso não ia acontecer. Nesse momento passei a informação à Alento e quando me deram a oportunidade de me associar a outro Mestre para continuar o acompanhamento aceitei logo.
Que significado teve para si a atribuição de um novo profissional para a acompanhar?
Comecei por perceber que a empresa funciona bem, pois cumpriram o estipulado no projeto e deram-me outro Mestre, o que aumentou a minha confiança pelo trabalho da Alento. E tem sido ótimo porque agora o meu Mestre é o Artur, que tem sido espetacular, dá conselhos fantásticos e faz-me raciocinar. Muitas vezes temos uma visão em túnel quando tomamos decisões e o Artur consegue alargar os meus horizontes, mostra-me que existem mais opções do que as que vemos.
Como é a relação com o Artur?
É muito boa, falamos muitas vezes. Não existe compromisso mensal, vamos falando sem ter algo programado. Quando tenho alguma necessidade falo com ele, por Skype, por telemóvel, no escritório da Alento que é perto da minha faculdade.
Não é uma relação diplomática ou formal, é muito boa, porque o Artur é uma pessoa muito prestável, atenciosa e simpática. Imediatamente deixa-nos à vontade e quase que me esqueço que estou a falar com uma pessoa com um currículo fantástico.
Sente que o acompanhamento tem sido importante nas decisões e esclarecimento de dúvidas que vai tendo ao longo do percurso académico?
Sim. Muitas vezes não temos noção clara das opções que existem, estamos um pouco limitados na nossa condição de estudantes desconhecendo o funcionamento do mercado de trabalho. O Artur ajuda-me a perceber o que as empresas esperam de um recém-licenciado, quais as opções de mercado que existem. Ensina-me bastante.
Agora, por exemplo, ainda não terminei o curso mas já estamos a planear como vai ser quando estiver concluído, estamos a trabalhar no meu percurso.
Lembra-se de algum momento em que o apoio do Artur tenha sido crucial?
Num evento em que eu tinha de falar para uma plateia. Estava completamente angustiada por ter de o fazer. Numa condição normal eu nunca teria aceite o convite, mas depois de conversar com o Artur decidi arriscar. Ele deu-me conselhos, falou sobre a sua própria experiência, comecei a saber controlar o meu stress.
Saber que tem alguém a quem recorrer deixa-a mais confortável no momento de tomar decisões?
Sim. É sempre bom ter uma segunda opinião. As vezes podemos ter uma opinião muito formada e quando alguém de fora a desconstrói começamos a raciocinar de outra forma, formamos uma opinião melhorada.
O Sagaz tem feito parte do seu percurso e marcou etapas importantes da sua vida: final de secundário, entrada na universidade, percurso académico. Qual a importância do projeto nestas diferentes fases?
Na altura de me candidatar à universidade já tinha um plano, uma noção do que iria escolher. As opções iniciais eram Bioengenharia ou Medicina. Abordei o assunto com o meu Mestre que me mostrou que a primeira escolha valia a pena, que me dava grande margem de progressão, a partir daí a minha confiança aumentou. Entrei em Bioengenharia na FEUP, um curso recente, com pouco mercado em Portugal, mas no qual me sinto bem.
Depois veio a fase seguinte: o stress com os exames. Os conselhos do Dr Pedro e do Artur fizeram-me pensar e relativizar, percebi que tenho tempo para tudo, desde que me organize melhor. Aprendi a relativizar quando os resultados não são os melhores, lidar com o insucesso é fundamental. Fazer Erasmus também foi uma decisão que me levou a conferenciar com o Artur, tal como a decisão de fazer tese em Portugal ou no estrangeiro.
E também já estamos a trabalhar o futuro, o que vou fazer quando terminar o curso. Este planeamento é possível graças ao SAGAZ. Quer com o Dr Pedro quer com o Artur o balanço é muito positivo.
Na opinião da Carla o SAGAZ deve continuar?
Isso é óbvio que sim, é muito importante para os alunos ter a opinião de alguém com experiência, que dá boas dicas. Há conselhos que dados no momento certo são fundamentais. Um bom Mestre mostra-nos o seu percurso e ajuda a construir a ponte Mestre-Aprendiz.
Como vê o SAGAZ no futuro? De que forma é que a sua participação a poderá vir a ajudar noutras etapas da sua vida (ingresso no mercado de trabalho, por exemplo)?
Já tenho falado com o Artur daquilo que pretendo, a partir daí ele ajuda-me, guia-me de forma consistente, porque algumas das minhas ideias são pontas soltas e é preciso criar interligação entre elas. Neste momento a prioridade é chegar ao final do curso e optar por um caminho que me leve a ser o que realmente quero. Sei que até conseguir o meu objetivo terei, possivelmente, de passar por investigação, depois por empresas, transitar entre cargos, tudo isto para me levar ao real objetivo. O Artur ajuda-me a organizar a nuvem cheia de ideias que eu tenho, construímos o puzzle que me leva ao objetivo final.
Lógico que isto requer trabalho de casa da minha parte enquanto aprendiz, só conseguimos discutir as melhores opções quando temos material. E quando terminar o curso já terei um caminho estruturado.
Como vê o facto de alguns municípios continuarem a apostar no SAGAZ e a dar esta possibilidade aos seus alunos?
O facto de mais municípios e mais alunos participarem deve-se ao feedback tão positivo que tem existido até agora, tal como o meu caso mostra. O SAGAZ que é um projeto bem estruturado e tem revelado resultados muito positivos. É uma mais-valia para todos.
Quer deixar uma mensagem final a quem nos der a honra de ler esta conversa?
Acima de tudo oiçam os Mestres e aquilo que eles têm a dizer. É muito importante ouvir e não ter receio de partilhar as nossas preocupações. Não tenham medo de fazer perguntas mesmo que vos pareçam parvas, os Mestres também já foram alunos e sabem que os momentos de hesitação existem.