Burnout: O que pode ser mudado nas organizações?
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Burnout: O que pode ser mudado nas organizações?

A síndrome de burnout, quando o stress está mesmo no limite

“Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro.” ― Sigmund Freud

Há uns tempos para cá, muito se tem falado sobre a síndrome de burnout, nos meios de comunicação por exemplo, é um tema recorrente, isto porque é mesmo muito importante e merece que tenhamos uma atenção especial. 

Até há muito pouco tempo, o burnout não era considerado uma doença. No dia 28 de maio deste ano, o burnout entrou para a Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS) como um problema associado ao emprego e desemprego, contudo, só estará em vigor em 2022. O nome “Burnout” foi dada pelo psicólogo Freudenberger, em 1974. Esta síndrome também é conhecida como “síndrome do esgotamento”. 

O que é o burnout?

O Burnout é definido como “uma síndrome que resulta de um stress crónico no local de trabalho que não foi bem gerido”. Um bom gestor/líder deve saber que é normal que durante o período laboral tenha momentos de stress, e até pode ser positivo. O stress pode ajudar na concretização de objetivos e no desempenho do trabalho, aumentando a criatividade na resolução de problemas. Torna-se um problema quando é recorrente e atinge altos níveis. A síndrome de burnout é resultante de fatores de stress interpessoais crónicos no trabalho e caracteriza-se por:

  1. Exaustão emocional: fadiga intensa, ausência de forças para trabalhar e a sensação de que lhe está a ser exigido algo que vai além das suas capacidades emocionais.

  2. Despersonalização: distanciamento emocional e indiferença em relação ao trabalho.

  3. Diminuição da realização pessoal (ou eficácia profissional): falta de perspetivas para o futuro, frustração e sentimentos de incompetência e fracasso.

É comum haver sintomas como: insónia, ansiedade, dificuldade de concentração, alterações de apetite, irritabilidade e desânimo.

Uma história de Burnout

Para entendermos melhor do que estamos a falar, apresento o caso (baseado em factos reais) do Luís, um trabalhador exemplar numa grande empresa, que vestia a camisola e cantava o hino, que tanto se esforçou por aquela equipa que teve que ser colocado no banco. Vejamos:

Luís tem 50 anos, casado e funcionário numa grande empresa quase 30 anos. Nos primeiros anos de trabalho houve muitas mudanças de gerência, o Luís foi transferido, sem ser consultado, duas vezes. Um pouco mais tarde a responsabilidade aumentou, passou a ser gerente. O Luís não foi consultado sobre a promoção. Afinal, o chefe partiu do princípio “quem não quer ser promovido a gerente? ”, mas a verdade é que o Luís não havia pensado nessa possibilidade. Uma das suas novas tarefas era a demissão de funcionários, antes de ser gerente, o Luís nunca pensou em poder dizer “está demitido! ”.

Levou tempo, mas ele conseguiu aprender. Levava trabalho para casa no fim do dia e nos fins de semana. Era incansável. Tão incansável que vivia cansado, dúbio não? A sua companheira já começava a sentir falta do Luís, pois quando estava em casa não estava (mesmo) com a família, mas sempre a trabalhar. O Luís não tinha uma noite de sono tranquila, acordava sempre a meio da noite, tinha insónias, ficava ansioso e tenso. Durante o dia estava sempre cansado, parecia que o corpo não reagia, nem a cabeça conseguia render como antes. Os prazos na empresa eram cada vez menores, o número de funcionários também, havia sempre aquela sensação de insegurança de que poderia ser demitido a qualquer momento. Os cargos de topo estavam em constante mudança. Havia muita exigência e pouca assistência.

O Luís não aguentava mais, estava no seu limite. A carga emocional era grande e já não sentia prazer no seu trabalho. Com o tempo os sintomas pioraram, já não conseguia tomar decisões relacionadas com o trabalho, sentia-se extremamente cansado, a ansiedade aumentou, tinha episódios de perda de memória, sentia-se desvalorizado. O Luís foi afastado das suas atividades laborais, teve que ir de baixa. Quando voltou ao trabalho não demorou muito para que fosse demitido.

O que teria acontecido se o Luís tivesse sido consultado pelo seu chefe sobre a promoção? E se tivesse tido apoio do seu chefe ou colegas? Que papel a organização tem na saúde mental do trabalhador?

O que pode ser feito pelas organizações?

Num estudo feito pela Deco Proteste, com 1146 trabalhadores entre janeiro e fevereiro deste ano, um dos resultados apresentados foi que quase metade dos inquiridos queixaram-se da falta de apoio por parte dos supervisores em situações de stress e um em cada quatro por parte dos colegas. Ainda, 22% dos inquiridos que tomaram medicamentos para combater o stress referiram que o período mínimo de tratamento foi de três anos. Ainda no mesmo estudo, três em cada dez trabalhadores afirmaram-se emocionalmente cansados do trabalho mais de uma vez por semana e 35% revelaram sentir-se exaustos com a mesma frequência. A respeito dos DRH, 71% revelam falta de auxílio, destes, 47% apresentam sinais de stress crónico. O que é mais interessante é que quando havia apoio dos DRH apenas 12% apresentam sinais de risco.

Após apresentar os dados do estudo é percetível que estamos a falar sobre um assunto muito sério e merecedor da nossa atenção enquanto sociedade, líderes, gestores e trabalhadores. Todos temos responsabilidades na saúde ocupacional. Os riscos psicossociais representam um dos maiores riscos à saúde física e mental do trabalhador, podendo levar à síndrome de burnout. Conhecer a equipa com quem trabalha, ouvir os colaboradores, respeitar as suas decisões, demonstrar interesse genuíno, estar presente, implementar medidas que aumentem a felicidade organizacional são algumas das medidas que podem prevenir o burnout. 

A Alento realiza avaliação de riscos psicossociais, prevista na lei no Regime Jurídico da Promoção da Saúde e Segurança no Trabalho. Além de avaliar os riscos psicossociais desenvolvemos intervenção à medida para cada organização a partir das necessidades sinalizadas. A identificação dos fatores de risco, o controlo e/ou eliminação é fulcral para uma organização saudável e feliz. Acreditamos que a felicidade não pode ser considerada um trabalho, a felicidade tem que fazer parte do trabalho, do dia a dia. Visite a nossa página e fique a saber mais sobre o nosso serviço de felicidade organizacional.

 

Andreia Ribeiro Contenças

 

Bianca Lima Santos

Consultora ALENTO

 

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