O absentismo laboral preocupa o dia-a-dia das empresas, diminui a produtividade e aumenta as despesas e reduz os lucros todos os anos.
De maneira simplificada, absentismo laboral corresponde à falta de assiduidade, habitual ou sistemática, ao trabalho. A literatura apresenta-nos várias definições, sendo que o absentismo corresponde à ausência recorrente do trabalhador durante o período normal de trabalho contratualizado.
Em Portugal, em média, os trabalhadores faltam 5.9 dias por ano, o que representa um elevado custo para a sua entidade patronal. Segundo Cunha (2010), o absentismo é um dos problemas que está associado aos baixos níveis de desempenho e produtividade e, consequente, aumento dos custos para as empresas.
São muitas as causas conhecidas que podem explicar a ausência do trabalhador, como, por exemplo, a ansiedade, a depressão, o stress, falta de motivação, assédio, apoio familiar. Basicamente a ausência do trabalhador pode estar dependente do mesmo ou da empresa. Vejamos, o Manuel (caso fictício), empregado de armazém, está desmotivado com o seu trabalho, tem muitas tarefas, mas considera-as pouco relevantes. É um caso em que a probabilidade de absentismo será maior quanto menos interessante continuar o trabalho. É claro que, por vezes, os benefícios e a remuneração podem colmatar o desagrado, mas nem sempre é suficiente.
Do lado da empresa, vários fatores podem ser apontados como catalisadores do absentismo laboral, como o excesso de trabalho, a carga horária, o salário, as condições de trabalho. Todos estes fatores têm influência direta no comportamento dos colaboradores, o que, mais uma vez, pode causar o stress ocupacional e levar à ausência. É óbvio que o absentismo pode resultar da combinação de múltiplos fatores, como a vida familiar ou mesmo o estatuto profissional do trabalhador. No entanto, é importante trabalhar o sentimento de pertença, para que este se sinta parte de um todo que é a organização.
Voltemos ao exemplo do Manuel, a carreira encontra-se estagnada, as suas tarefas são monótonas, o salário é baixo e não se sente reconhecido pelo seu superior. Tudo isto leva à insatisfação e, como consequência, aumenta as suas ausências no período normal de trabalho.
Uma das principais causas apontadas pelos estudos para explicar o absentismo laboral é o stress ocupacional, isto é, quanto maior o stress ocupacional, maior o absentismo, consequência da insatisfação dos trabalhadores. A insatisfação do indivíduo no trabalho influencia a sua assiduidade ao mesmo, o que se reflete no relacionamento interpessoal, nos benefícios a que teria direito e na própria progressão. Será esse o causador do absentismo na sua empresa?
Ora, se sabemos que um dos principais causadores do absentismo laboral é o stress ocupacional, o trabalho dos gestores/líderes deverá ser no sentido de avaliar os riscos psicossociais, que representam um dos maiores riscos à saúde física e mental do trabalhador, causando depressão, burnout e ansiedade. É importante salientar que a Avaliação dos riscos psicossociais está prevista na Lei (lei n.º102/2009).
As empresas e os seus decisores devem manter uma atitude proativa no combate ao absentismo. Pensemos em conjunto: o absentismo gera rotatividade, falta de envolvimento dos colaboradores e diminuição de produção. Para combater este círculo vicioso deve procurar garantir o match entre a função e o novo colaborador, o que vai implicar rigor metodológico e técnico nos processos de recrutamento e seleção. Também as políticas de recompensas intrínsecas e extrínsecas devem ser valorizadas, tais como as condições de trabalho proporcionadas.
Estas medidas que acima referi são relativamente rápidas de implementar, precisa, em primeiro lugar de ter internamente um departamento de Recursos Humanos apto e/ou recorrer a um parceiro que preste estes serviços em regime de Consultoria. Em segundo lugar e depois de tomada a decisão de quem será responsável por esse trabalho, deve fazer um diagnóstico organizacional da situação atual da empresa, criando um plano de ação que responda aos fatores críticos de sucesso, esse plano deve ser apresentado aos colaboradores antes da sua implementação, para eventuais ajustes após feedback e diminuição da resistência à mudança, depois não se esqueça de monitorizar e avaliar.
Acredito que seja uma prioridade para si responder positivamente às solicitações dos clientes e, com taxas de absentismo elevadas, essa resposta fica comprometida, pois os atrasos surgem, os clientes ficam insatisfeitos, a produção diminui e os custos aumentam. É crucial que, enquanto empregador, não encare estes custos como gastos, mas sim como investimento, já que vão aumentar o valor do capital humano da sua empresa, através do seu desenvolvimento, comprometimento/compromisso e desempenho.
Seja proativo no combate ao absentismo, avalie os riscos psicossociais da sua empresa, não deixe que as ausências por stress ocupacional virem rotina. Pense a longo prazo, pois números de absentismo elevados significam mais custos para a empresa, seja no incumprimento do trabalho, seja na substituição do trabalhador faltoso. Faça as contas ao dinheiro que investe num processo de recrutamento e seleção, na formação e na adaptação de um novo membro na empresa e avalie se o foco não deverá ser mudado. Não veja o absentismo como uma peça na engrenagem da máquina que é a sua empresa, que basta substituir para voltar à produção normal, mas sim como o lubrificante sem o qual as roldanas não funcionam!
Convido-o a conhecer o trabalho da ALENTO na área dos Riscos Psicossociais. E lembre-se, organizações saudáveis e felizes rendem mais!
Especialista em Recrutamento e Seleção
O meu dia-a-dia é pautado por um desafio constante: colocar a pessoa certa no local certo. Considero tão importante a satisfação do cliente como a do candidato.