Quantas vezes teve a sensação de estar a conversar com alguém e a pessoa não está a ouvir minimamente o que está a falar? Ou, por exemplo, o contrário, quantas vezes alguém veio conversar consigo e não estava atento o suficiente ao que o outro tinha a dizer? Estas duas situações são muito comuns no nosso quotidiano, mas não podem acontecer dentro de um processo de Mentoring.
Estar atento ao que o outro diz não é uma tarefa tão fácil como parece, afinal, não é somente ouvir, é estar presente e ter interesse genuíno na outra parte.
Como é sabido, a má comunicação (ou a falta dela) pode trazer grandes prejuízos, e essa comunicação deficiente ou ineficaz dentro de um processo de Mentoring torna-se ainda mais preocupante, uma vez que estamos a falar do processo de desenvolvimento do outro.
O saber ouvir é essencial tanto para o Mentor, quanto para o Mentorado, no entanto têm um peso a mais para o Mentor, uma vez que é a pessoa que está a conduzir/facilitar o processo. Para ser um Mentor de excelência tem que saber ouvir, a escuta ativa passa a ser uma competência relevante para quem quer desempenhar ou já desempenha este papel. Claro que, o Mentor, possuindo esta competência, pode ajudar o Mentorado a desenvolvê-la também, pois será bastante útil durante as sessões.
A escuta, no processo de Mentoring, permite que o Mentor se descentre de si próprio e se foque no Mentorado. Lewis, Passmore e Cantore (2011) referem que nas nossas conversas do dia-a-dia estamos constantemente à espera de falar, ao invés de querermos escutar, é como se estivéssemos num palco, prontos para dizer as nossas falas e sermos aplaudidos. Por isso, segundo os autores, é preciso mudar o foco de nós mesmos e concentrarmo-nos no outro. Este é o maior desafio da comunicação.
O modelo apresentado é inspirado nos quatro focos e tipos de escuta, sugeridos por Lewis et al. (2011), e sugere:
Escute o outro
É preciso que o Mentor tenha presente que o sentimento de ser escutado é condição fundamental para o reconhecimento de que alguém existe como pessoa e é relevante para o outro. Assim, torna-se preciso descentrar-se de si próprio e focar plenamente no outro. Aqui é importante que o interesse em ouvir seja genuíno. Ao perceber que há essa atenção e interesse do Mentor, o Mentorado pode experienciar um momento significativo e memorável.
Escute-se a si próprio
O Mentor deve ter consciência do que está a acontecer consigo durante o processo de escuta. Deve fazer perguntas como “Que emoções estou a sentir?”, para realmente perceber que as sente, mas sem perder o foco no Mentorado. Decidir que emoções pode aproveitar para fazer uma reflexão conjunta, inspirar ou desafiar o Mentorado.
Escute o significado do que é partilhado
Conforme escuta o Mentorado, o foco deve também estar em fazer emergir o significado do que ele partilha. O que pode significar algo para o Mentor (através da sua interpretação, que muitas vezes tem como base a sua própria experiência e história de vida) pode não ser o mesmo para o Mentorado. Portanto, o Mentor pode (e deve) perguntar diretamente ao Mentorado o significado das palavras ou frases ditas. Este comportamento também poderá gerar insights no Mentorado, levando-o a pensar sobre novas possibilidades, caminhos que ainda não havia pensado. Neste processo também há espaço para questionar sobre as crenças, estereótipos e perspetivas que estão subjacentes ao significado que é atribuído pelo Mentorado.
Ofereça apoio ao outro para escutar eficazmente
Converse com o Mentorado sobre as dificuldades inerentes do processo de escuta, partilhe sobre a importância de ouvir o que não é dito. Explore, com o Mentorado, estratégias para ouvir o outro eficazmente.
Agora que já sabe mais sobre a escuta no Mentoring e já percebeu a sua importância, conheça e aprenda a desenvolver esta e outras competências essenciais para ser um Mentor de alta performance, através da Certificação em Mentoring.
