Todos os anos muitos jovens enfrentam a necessidade de tomar decisões, quer seja para a escolha da área do ensino secundário, quer do curso ou profissão a seguir depois. Estas decisões são difíceis, pois, para além de serem das primeiras na vida dos jovens, são encaradas como tendo grande impacto nos seus futuros e percursos pessoais e profissionais. Surge também, frequentemente, a ideia de que é preciso ter certezas para poder decidir, o que provoca muitas vezes sentimentos de dúvida, ansiedade e insegurança. Neste sentido, recorrer a um apoio especializado pode ajudar os jovens a construir um projeto de vida que favoreça a sua identidade pessoal e uma maior autonomia e segurança na tomada de decisão e na sua relação com o mundo do trabalho. Sendo esta uma tarefa tão complexa deve ser natural perceber-se que todo este trabalho não tem de ser feito sozinho.
Como foi referido acima, não é pouco comum ouvirmos as pessoas dizerem que precisam de certezas para tomar a decisão certa. Mas, na realidade, todos sabemos que não existem certezas ou fórmulas mágicas que nos ajudem a saber exatamente qual o caminho a seguir ou a prever aonde este nos levará.
O fundamental - em fases da vida em que é necessário fazer escolhas - é entender que o percurso que se lhes segue é dinâmico e ajustável e que, se for pensado e planeado, a probabilidade de corresponder aos nossos objetivos é muito maior. Para isso, é necessário, então, que se mobilizem os recursos internos e externos para que os jovens tenham a possibilidade de refletir sobre si próprios e sobre o mundo que os rodeia, correlacionando diferentes dimensões, como os seus interesses, competências, influências e valores, com as oportunidades de formação e/ou trabalho. Para saber como o fazer, a Orientação Vocacional pode ser uma excelente ajuda!
A internet é, muitas vezes, encarada como um meio privilegiado de acesso e difusão de informação e conhecimento. Se isto pode ser verdade, também o é o facto de trazer novos desafios na forma como podemos utilizar as tecnologias de modo ajustado, distinguindo a informação útil da acessória e promovendo a reflexão e sentido crítico.
A informação é tanta e tão dispersa, que acaba por ser difícil aos jovens, que se encontram indecisos, perceberem “o que” e “como” explorar para os ajudar a reduzir opções e a tomar decisões. Para além disso, normalmente está a faltar uma componente de reflexão e autoconhecimento que deve anteceder todo este processo, para que a pesquisa esteja relacionada com o seu perfil e se revele eficaz. Um processo de Orientação Vocacional pode, desta forma, apoiar as pesquisas, indicando sites, vídeos e material informativo útil e, também, formas de pesquisa mais indicadas, para que o jovem sinta que o seu investimento acabará por dar frutos.
Não são raras as vezes em que a Orientação Vocacional é associada à realização de testes, influenciada pela utilização recorrente dos mesmos em contexto escolar ou outros (e.g. internet), o que acontece frequentemente por limitações de recursos ou por desconhecimento de outras metodologias.
No entanto, esta abordagem revela-se, na esmagadora maioria das vezes, insuficiente, uma vez que estes testes não permitem aos jovens uma exploração ou descoberta sobre si mesmos, nem uma aproximação ou identificação pessoal com as oportunidades existentes. Desta forma, os testes devem ser utilizados apenas como mais um meio para aceder a informação complementar sobre o jovem, apoiando assim outras abordagens na construção de um projeto abrangente, complexo e significativo.
Ao longo do seu percurso, os jovens irão encontrar muitos desafios, nomeadamente na sua relação com os contextos académicos e profissionais. Estes contextos irão exigir dos jovens a capacidade de gestão de diferentes tipos de ambientes, das relações interpessoais e de autoridade, do trabalho em equipa e a adequação do seu perfil às estratégias e exigências institucionais ou organizacionais. Para que isto seja alcançado de forma mais ajustada é importante que os jovens identifiquem competências que estão, mais ou menos, desenvolvidas em si mesmos e que promovam as mais relevantes para a posição em que se encontram. Algumas delas, que podem ser trabalhadas em Orientação Vocacional, são: a motivação, a flexibilidade, a organização, a resiliência, a autoconfiança e a resolução de problemas, entre outras competências valorizadas pelo mercado de trabalho.
Saber ativar a rede de contactos, própria ou de familiares e amigos, é uma ferramenta essencial para ajudar no processo de identificação com diferentes realidades e oportunidades e, igualmente, de diferenciação entre as mesmas. Esta atitude vai ser necessária ao longo de todo o percurso académico e profissional, pois favorece uma aproximação ao mundo profissional e às suas especificidades. Para além disso, relacionarmo-nos com pessoas que já tiveram experiências idênticas à nossa pode promover uma troca de experiências que normaliza as dúvidas e ansiedades existentes, antecipa estratégias de resolução dos problemas e dá dicas preciosas sobre a atitude que podemos ter em diferentes momentos e situações. Foi de uma vivência semelhante, do Artur Moura Queirós, que surgiu o projeto SAGAZ que assenta num processo de mentoring, em que pessoas com experiência de vida e profissional vão apoiar, aconselhar e aproximar jovens - que estão no final do ensino secundário - do mundo do trabalho e das empresas, fazendo, assim, ressurgir o espírito do Mestre e do Aprendiz.
Especialista em Psicologia Vocacional e Desenvolvimento de Carreira
Acredito que todos os percursos devem ser feitos com entrega, determinação e autenticidade. Assim, no meu trabalho, a Orientação Vocacional é uma ferramenta essencial para tomar decisões mais acertadas e ajustadas àquilo que quer fazer e, sobretudo, ao que quer ser no futuro. Fale comigo >>